Em um estudo recente publicado na Brazilian Dental Journal, pesquisadores brasileiros realizaram uma revisão para discutir o planejamento digital e o uso da tecnologia guiada em Endodontia.
A complexidade da anatomia do canal radicular e a manutenção de microrganismos após o tratamento endodôntico constituem uma das principais causas de insucessos.
Nesse sentido, os avanços tecnológicos e científicos podem apresentam melhor previsibilidade dos resultados.
O desenvolvimento de dispositivos eficientes e modernos proporcionou tratamentos de canal radicular mais seguros, com consultas mais curtas e maior conforto ao paciente.
Esses dispositivos não reduzem a responsabilidade, competência e habilidade do endodontista no manejo clínico. A conjunção entre o conhecimento científico atual e o desenvolvimento de habilidades clínicas é essencial para diagnósticos mais precisos e melhores prognósticos.
A odontologia digital tornou-se uma realidade dos procedimentos clínicos e tem sido amplamente explorada pela reabilitação oral, implantologia, ortodontia, cirurgia oral, entre outras. A possibilidade de copiar fielmente a anatomia dentária ou facial e transferir este modelo para o ambiente virtual estimulou um novo momento, a era do planejamento digital. O desenvolvimento de um software específico para esse fim possibilitou o planejamento virtual das etapas clínicas, avaliando possíveis erros ou prevendo com precisão o grau de desgaste no preparo dentário, direção e comprimento de um implante, padrão de movimentação dentária, etc.
A endodôntica digital incorporou diversas ferramentas e desenvolveu as suas próprias, avançando ainda mais na resolução de casos complexos. A cópia fiel da anatomia interna proporcionada pelo avanço dos dispositivos, softwares e da tomografia computadorizada cone-beam (TCCB), associada aos recursos digitais de planejamento e impressão 3D, possibilitou o advento da endodontia guiada.
As estruturas de interesse para a endodontia possuem dimensões diminutas, representando um grande desafio para o endodontista na detecção de ramificações radiculares, fraturas, perfurações e na determinação de diferentes níveis de obliteração e espessura das paredes do canal radicular.
A qualidade da imagem TCCB é determinada pelas características do tomógrafo (o dispositivo), configurações de aquisição, estabilidade do paciente e pelo software para adquirir e executar as imagens. No diagnóstico da microanatomia endodôntica, é mais importante priorizar a aquisição de imagens por tomógrafos de alta resolução com melhor ponto focal do que equipamentos capazes de adquirir grandes volumes e registrar áreas maiores.
Softwares de planejamento digital também foram fundamentais para o avanço da endodontia digital no desenvolvimento de guias. O software de planejamento digital importa arquivos DICOM de exames TCCB e os usa como parâmetros para delinear guias com ferramentas de design auxiliado por computador (CAD – Computer-Aided Design). Na modelagem dos guias, o software de planejamento digital atual precisa sincronizar o arquivo DICOM com o arquivo digital de um modelo da arcada do paciente no formato STL (Standard Tesselation Language). O modelo digital é obtido com equipamento de escaneamento intraoral.
A tecnologia de impressão 3D (técnica de estereolitografia) permite a produção de guias endodônticos.
INDICAÇÕES DA ENDODÔNTICA GUIADA:
– tratamentos endodônticos complexos,
– acesso a canais calcificados,
– acesso e remoção de pinos intracanais danificados,
– acessos coronários,
– cirurgia endodôntica guiada,
– acesso em dentes com anomalias de desenvolvimento.
PLANEJAMENTO E FLUXO DIGITAL DA ENDODONTIA GUIADA
A técnica de endodôntica guiada pode ser dividida em:
- Uma fase laboratorial para produção do guia endodôntico, em que a maioria dos processos é realizada na ausência do paciente, com o auxílio de ferramentas digitais;
- Uma fase clínica de aplicação do guia em procedimentos operatórios.
A tecnologia da endodôntica guiada representa uma nova perspectiva para os casos endodônticos complexos. Segundo o estudo, é uma técnica de aplicação clínica precisa, eficaz e de fácil aplicação. Consequentemente, representa a incorporação de recursos tecnológicos e planejamento digital na vida do endodontista, dando maior previsibilidade aos casos.
Além disso, exige um mínimo de investimento financeiro, pois equipamentos de captura de imagens, planejamento virtual e impressão de guias fazem parte do arsenal dos centros de planejamento digital. Do mesmo modo, leva a um número menor de sessões clínicas, aumentando o conforto do paciente e reduzindo o estresse profissional.
Para ler o artigo completo acesse:
https://www.scielo.br/j/bdj/a/CRGb7rZhDfQQ9Zy7DC4Tjth/?lang=en