Publicado em 29/04/2022 - Notícias

Uso de equipamentos piezoelétricos no refinamento dos preparos dentários

O que você pensa quando ouve o termo “ultrassom piezoelétrico”? Vamos concordar que certamente a primeira lembrança está associada à periodontia, mais precisamente na remoção de cálculo. Mas há quem diga que são os procedimentos cirúrgicos, pois muitos associam os equipamentos piezoelétricos a algo novo com potência para tal.

De acordo com dr. Pedro Ivo Gualberto, diretor de Ensino e Pesquisa da ABOD, todos os equipamentos de ultrassom que estão nos consultórios são piezoelétricos. Isso mesmo, todos que estão conectados à energia elétrica são piezoelétricos, com exceção dos equipamentos conectados ao ar comprimido – que são sônicos.

Entenda os equipamentos piezoelétricos

Não se trata de algo novo na odontologia. Existe um grande equívoco conceitual, um mal entendimento que associa a necessidade de um equipamento diferente – em específico piezoelétrico – para se explorar seu uso na dentística, na prótese ou até mesmo em procedimentos cirúrgicos, o que não é verdade.

Dr. Pedro afirma que existem equipamentos mais robustos e mais potentes que outros, que permitem regulagens mais precisas e estáveis, mas de modo geral todos fazem a mesma coisa.

Compreender a tecnologia piezo é o primeiro passo para que você comece a olhar para o seu equipamento de ultrassom com outros olhos e reconheça que ele é subutilizado, pois auxiliar na remoção de cálculo é apenas uma das inúmeras funções dele.

Basicamente, o princípio piezoelétrico consiste na passagem de energia elétrica através de cristais de quartzo que convertem a energia em movimento oscilatório, ou seja, em uma vibração. Quando essa frequência está acima de 20.000Hz, temos o ultrassom.

Insertos e suas potências

Cada inserto, ou “pontas”, oscila em frequências próprias baseadas em sua construção – em seu desenho, tipo de metal, volume, encaixe e comprimento total. O principal quesito para o sucesso do uso de insertos ultrassônicos nas diversas especialidades da odontologia, é reconhecer a potência ideal de trabalho para cada inserto no seu equipamento. Ou seja, encontrar a sua amplitude ideal de movimento ou ressonância.

Resumindo, deve-se esquecer que os insertos ultrassônicos saem do fabricante com potências específicas pré-definidas como, pontas finas e potência baixa ou pontas mais grossas e potência alta.

Cada equipamento de ultrassom é diferente entre si, justamente pela qualidade e espessura dos cristais de quartzo e o potencial de conversão elétrica deles. Além dos diferentes tipos de potenciômetros, que permitem testagem em diversas energias distintas para que se encontre a ressonância ideal de cada inserto.

Para dr. Pedro, é compreensível que equipamentos com amplos potenciômetros, ou seja, que oferecem várias opções de energias, oferecem maior facilidade para encontrar a ressonância ideal de cada inserto.

Dentro da potência ideal de um inserto ultrassônico, obtemos uma quantidade suave de névoa e gotejamento de água, que percorre e resfria a ponta do inserto. Isso gera um aerossol infinitamente menor do que os instrumentos rotatórios, portanto, mais bioseguros. 

Acompanhando esse raciocínio, um inserto pode ter potências ideais de trabalho diferentes em equipamentos diferentes. O uso em potencias inadequadas não surtirão o efeito desejado e podem danificar precocemente os insertos, diminuindo sua vida útil ou ocasionado fratura.

Os insertos ultrassônicos podem ser diamantados como brocas, promovendo o corte do tecido duro. “A cinemática de uso dos insertos ultrassônicos diamantados no refinamento dos preparos dentários é complemente diferente da dos instrumentos rotatórios. A instrumentação é mais suave, seletiva, permite uma sensibilidade tátil incomparável com maior visibilidade para o operador e mais conforto ao paciente, inclusive na redução do ruído. Além disso, é incapaz de lesionar tecidos moles, ao contrário das brocas e fresas”, diz Dr. Pedro.

Equipamentos piezoelétricos na rotina clínica

Dr. Pedro afirma que usar os equipamentos piezoelétricos na rotina clínica foi um divisor de águas. “Quando comecei a utilizar e desenvolver o uso dos insertos diamantados, obtive preparos e términos mais nítidos, bem acabados, fáceis de escanear, sem necessidade de uso adicional de brocas multi-lâminadas, pedras ou borrachas. O que também resulta em menor aquecimento das estruturas dentárias”, afirma. Segundo ele, “foi o fim de danos indesejáveis e inoportunos das superfícies dos preparos que se observam quando se luta contra o torque do multiplicador, ou contra a falta de torque e falta de controle da velocidade das turbinas a ar comprimido”.

Faça como o Dr. Pedro Ivo, “destrave” o uso de seu ultrassom para potencializar os benefícios que essa tecnologia oferece benefícios para muitas especialidades.

 

Prof. MSc. Pedro Ivo Gualberto Malschitky Alves da Silva, CRO/SC 4922

Professor da Graduação em Odontologia da UNIVILLE/SC desde 2000.

Coordenador da Pós-graduação em Odontologia Digital Univille/Bedigital (Especialização MEC)

Presidente da Câmara Técnica de Odontologia Digital do CRO/SC

Diretor Científico e Professor da Bedigital Cad/Cam Cursos de Odontologia Digital